Hoje me desafiaram a escrever cinco contos de um parágrafo só.

Velocidade

Era jovem, mas tinha cabeça de velho do interior. Passava horas ruminando sozinho suas ideias, tal qual uma vaca olhando para a grama verde do pasto. Talvez por isso ainda se impressionasse de vez em quando com a velocidade das coisas no mundo moderno, e como essa velocidade deixava as coisas inacabadas. Naquele dia era sobre isso que ele estava pensando. Mas daí “bip!”, outra mensagem. Aí ele se distraiu e não pensou mais nisso.


Vontade de escrever

Vontade de escrever é aquela coisa que vem quando você está tomando banho ou ouvindo música enquanto caminha pela rua e que vai embora assim que você senta na frente de uma folha em branco. Porque escrever não é colocar o que está dentro da sua cabeça no mundo, é colocar o que está no mundo dentro da sua cabeça. E da cabeça dos coitados que vão bater os olhos sobre seus pensamentos no papel.


A recompensa

Era uma noite fria e parada. Nada se mexia na rua e a mesma coisa acontecia com seus neurônios. Nenhum caso a resolver. Nenhum charuto na caixa. Nenhuma gota de conhaque vagabundo no copo sujo. Nenhum motivo em especial pro texto que ele dedilhava na máquina de escrever ter essa estética de romance de detetive. Mesmo assim ele continuou. De repente, uma mulher bate à porta com um desafio a ser resolvido. A possibilidade mexe com seus nervos. Pistas desconexas teriam que ser juntadas pelo caminho, mas algo incomodava… Qual seria a recompensa? “Talvez o próprio caminho fosse a recompensa”, pensou. E seguiu em frente.


Mulher Bonita

“O mundo respira melhor quando tem mulher bonita por perto.”, eu li em um livro. Não sei se a verdade é bem essa. Talvez o autor da frase estivesse querendo misturar os sentidos e relacionar a mulher bonita com um cheiro bom… Uma boa metáfora, mas daí o certo seria pensar que o mundo, pra ficar melhor, tem que cheirar mulher bonita. Igual cocaína. E essa merda vicia.


Arriscar

Arriscar é o que move a vida pra frente. Arriscar é aceitar desafios. É se sentir idiota. É fazer no impulso. É não se preocupar muito com o resultado. É tentar resumir pra ficar fácil de entender. É se inspirar na música, no filme e no livro pra ver se a vida faz um pouquinho mais de sentido. É tentar corresponder às expectativas, ao mesmo tempo em que não está tão preocupado assim com as conseqüências. É fazer relações. É misturar sentidos. É ler nas entrelinhas.